Curioso como alguns projetos rodopiam em nossas mãos. Esse texto começou a ser escrito há mais de um ano e hoje volto aqui para terminá-lo.
Pam: Olá, pessoal. Hoje começamos uma sequência de postagens sobre livros que amamos e vamos começar com Aline Bei
Aline é libriana do dia 9 de outubro, nascida em São Paulo, completou seus estudos em letras pela "Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e em artes cênicas pelo teatro-escola Célia Helena". O peso do passo morto (2017)
Seu romance de estreia, O peso do pássaro morto (2017), foi vencedor do prêmio São Paulo de Literatura e do prêmio Toca, além de finalista do Prêmio Rio de Literatura. Pequena coreografia do adeus é seu segundo livro.
Lola me indicou esse livro, mas num primeiro momento, o meu preconceito com os livros atuais explodiu: O instagramável (logo após escrever essa palavra lembro de adicioná-la ao vocabulário do editor de texto ) é o nosso novo concretismo. O uso quase que excessivo da estética para "engajar" o leitor, mostra muito e não diz nada. Assim como aquelas frases prontas do "legendas para as suas fotos". E pronto. Estava etiquetado. "É instagramável e só" - pensei.
Mas o meu anjo da guarda me ama, e esse livro sempre sempre sempre voltava pro meu campo de visão e falava "Oi! Você sabe que eu sou aquele livro que vai te fazer chorar depois de tanto tempo bancando a durona, né?". E num momento de permissão e curiosidade, peguei o kindle de Lola e tive a madrugada mais doída do ano até então (isso foi em janeiro,2022).
Aline usa as pausas , os espaços e a tecla tab pra tocar nossa alma. E faz isso "com linhas linhas escritas a bisturi" - no formato de treinta y tres, poema deste blog, que fiz para homenagear a escrita de Aline.
Na biblioteconomia estudamos os nomes dos diversos formato da mancha que um texto faz no papel e os editores sabem bem que um texto em duas colunas e em times roman toca bem menos o coração do que um texto impresso em formato de poesia.
É justamente essa a Alquimia que Aline traz para as suas páginas. Uma que ao mesmo tempo em que usa o estético para tocar e engajar a nossa alma pra dentro de sua história, ela preenche a página com palavras cheias de sentido e significados, num ritmo quase que orgânico e ventricular. É visceral e sutil. Transformador.
Levei para a terapia, claro.
Lola: Já eu, encontrei Aline por acaso. O peso do pássaro morto foi aquele livro que me chamou atenção pelo nome, não fazia ideia do que se tratava ou de quem era Aline mas, aquele título ficou na minha mente por meses até que então em uma súbita vontade, comprei o livro e comecei a lê-lo em uma noite antes de dormir. Mal sabia o que aguardava...
O ano era 2020 e havíamos acaba de entrar em quarentena (aquela que achamos que duraria 15 dias) em uma noite comum, num dia não tão comum comecei a ler Aline.
Primeiras páginas, não demorou muito para as lágrimas começarem a cair. Foram exatamente quatro horas de choro em quatro horas de leitura. Não lembro de ter chorado tanto desde a minha crise depressiva por falta de vitamina D.
Não era um choro manso, era um choro visceral que vem do âmago, um choro que a gente precisa gritar pra ele sair por completo...
O dia seguinte foi de rosto inchado, já não sabia mais o que era meu e o que era de Aline. Ele ficou ressoando em mim por dias. Cada frase, cada passagem de tempo, cada idade daquela mulher, cada acontecimento de sua vida....
E claro também foi assunto na terapia.
Pam: Já o segundo livro o "Pequena Coreografia do Adeus" foi lançado em 2021, mas eu o li nos primeiros dias deste ano. Ele é incômodo, de uma leitura rápida (característica da autora) mas de muita intensidade. Pois assim como no primeiro, Aline nos ata em seus parágrafos com um bordado de linhas em caixa baixa e uma imensidão de sentimentos.
Essa foi a nossa primeira postagem falando sobre obras que amamos. Teremos muito mais em breve.
Fonte: https://www.companhiadasletras.com.br/colaborador/07092/aline-bei. Acesso em 30.06.2022
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